segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Segunda chance

Como todos devem ter visto nas milhares de matérias que todo ano se repetem nessa época, aqui em Recife já é carnaval. E eu, que não sou besta nem nada, já estou no clima.
É bem verdade que no período momesco estarei em Salvador, mas para não deixar de aproveitar o frevinho da terra, fui com o Marido a algumas prévias por aqui, na sexta e no sábado passados.
A festa da sexta foi um baile bem tradicional, chamado Siri na Lata. É realizado há mais de 20 anos, é muito bom e este ano reuniu a maior quantidade de gente conhecida nossa por metro quadrado, o que confirma a minha tese de que Recife é um ovo - e de codorna!
No sábado, fomos assistir à passagem de um bloco na frente da casa de minha cunhada, o Acorda pra Tomar Gagau - esse é bem recente, formado quase integralmente por pós-adolescentes (eita, acho que eu tô incluída aqui...) de alguns bairros nobres da cidade. Mas como no carnaval não há hora, o bloco atrasou e não vimos quase nada, pois já estávamos indo para outra festa, de um bloco chamado Chocalho do Neno.
Este também é recente, e é uma iniciativa dos donos de um boteco chamado Bar do Neno, que em 2006 foi seguramente o lugar mais frequentado por nós, visto que todas as sextas batíamos o ponto por lá, quando marido acabava de dar as últimas aulas da semana. Também se realiza num bairro tradicional da cidade, cheio de casas e prédios, o que faz o bloco ficar cheio de famílias, com muitas criancinhas e tudo correndo na mais perfeita paz.
Enfim, depois de tanta farra carnavalesca, quando saímos do Neno resolvemos ir comer uma coisinha, pra forrar o estômago. Era começo de noite e, atendendo à sugestão de um casal muito querido de amigos, resolvemos conhecer um lugar novo na cidade, um café.
Trata-se de um estabelecimento inaugurado há menos de uma semana, e funcionando no esquema soft open. O ambiente é muito legal, com uma área interna acolhedora e uma externa agradabilíssima, com mesas redondas para quatro pessoas e a opção de ser reservada para festas privadas.
A proposta do local é oferecer uma comida meio argentina, meio brasileira, com diversas opções de salgados, caldos, saladas, sanduíches e carnes, incluindo-se o bife de chorizo, as empanadas e o alfajor. Até aí tudo bem, tudo ótimo. Proposta aprovada. O único problema de lá foram os garçons...
A gente escolheu ficar na área externa, e aí chegou o cara pra servir. Questionado sobre beber vinho, Marido disse que não queria, pois já tinha tomado algumas no carnaval e não queria misturar.
Aí, o garçom se meteu, e, num tró-ló-ló sem fim, perguntou o que o marido bebeu, onde bebeu, e disse que realmente não era bom misturar!!! Prosseguiu, informando que ele também estava muito mal (?????), pois havia ido a um bloco que saiu ali pelas redondezas, e pedindo desculpas ainda informou o nome da agremiação - No Seu Oiti. Deu pra entender, né???
Nessa hora eu já estava preplexa, e ele simplesmente não parava de falar, com o detalhe de que a gente notava claramente que ele estava já meio alto, mais pra lá do que pra cá, bebinho da silva. Enfim... Quando finalmente ele parou de falar sobre o porre de carnaval dele, pedimos as bebidas - não sem antes informá-lo de que o número da Coca-Cola é 304, e da água de coco 307, porque ele todas vez pergunatva e ainda anotava errado...
Passado o susto, chega o segundo garçom. Pensando que seria melhor, não me aguentei de rir quando ele, perguntado onde seria o banheiro masculino, respondeu que era "junto do feminino"!!! Assim, como se 1) isso fosse a coisa mais óbvia do mundo, e 2) todos soubessem onde fica o feminino no restô que inaugurou há 4 dias... Recomposta da crise de riso, assumi a seriedade que me é peculiar e disse a ele que queríamos fazer os pedidos, e (não resisti) dizendo que lá tal e qual a McBobald´s se pedia pelo número, a gente ia querer as empanadas nº X, XX e XXX.
Aí, o demente vira, e pergunta, já respondendo e num tom que não permitia interrupções: - Posso dar uma sugestão? Peça a de queijo, que é disparada a melhor, ou então a de frango. A de carne não é lá isso tudo... E a de queijo é a que sai mais, também.
Eu: - Pois é, mas eu vou manter a de carne memso, tá bom?
Pense que ele me fuzilou com os olhos, mas terminou dizendo que "ah, mas essa também é excelente...", no que eu logicamente não acreditei... Não eram as outras que eram boas???
Pra terminar, depois de as 3 empanadas terem saído em menos de 3 minutos, a quarta empanada demorou mais de meia hora, e quando perguntamos a eles se tava tudo certo, se a empanada ia sair ou se eles ainda iam fabricar o queijo, o cara vira e desce a lenha na cozinha, "porque lá dentro tá uma zona, tudo muito desorganizado, mesmo!!!"
Aí foi a gota d´água: não resistimos e fomos falar com a dona. Porque certamente ela não sabia que o serviço estava tão ruim - ela não é servida!!! E poxa, o investimento num lugar como aquele é altíssimo, tudo de bom gosto, muito luxo, materiais de primeira, não achamos certo a pessoa se lascar e perder tudo por causa de um atendimeto ruim, que pode ser melhorado. Porque a gente sabe: o lugar pode ser fantááástico, mas se o serviço for ruim, vira uma porcaria e tudo o que é bom passa a ser irrelevante!
Ela ficou passada, agradeceu muuuito e, de quebra, ainda mandou uma cortesia de sobremesa pra gente, uma cartola estilizada, com banana assada e massa philo, acompanhada de um delicioso sorvete de creme artesanal. dlííícia!!!!
Enfim, no fim das contas a gente se estressu, mas se divertu muito com a antice dos garçons...
* O nome do lugar eu não vou dizer, pois acho que ele vai, sim, melhorar o serviço e fazer sucesso, então daremos a ele uma segunda chance. E aí, nesta segunda vez eu divulgo o nome, independente de como esteja...